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lugar comum - das festas e das manifestas

Émile Durkheim, sociólogo francês, demonstrou que a religião é factor preponderante no estudo da coesão social. Foi mais além e provou que a igreja católica tem um maior poder agregador que a igreja protestante, sendo esta uma das razões apontadas pelo autor para justificar o facto de a taxa de suicídio ser menor entre católicos que entre protestantes; dizia que os católicos têm uma grande noção de comunidade social, enquanto os protestantes estão sozinhos perante Deus. A propósito desta teoria, podemos reflectir também sobre as ideias de Jorge Dias, antropólogo português, que distingue a Igreja-mãe de tradição católica latina do Deus-pai da tradição protestante. Ao passo que a primeira acolhe e inclui, a segunda tem um carácter mais individualista.

A igreja católica promove o conceito de partilha; uma partilha que é essencialmente de emoções e atinge o seu auge na eucaristia e nas festas comunitárias ou familiares. Esta partilha é, na verdade, uma celebração da fé. As pessoas unem-se na partilha porque todos partilham a fé na instituições, sejam elas a eucaristia, as festas dos santos padroeiros ou as festas em família. Falamos de festas, mas também de manifestos: manifestações de crenças em comum.

Tal como as festas são manifestações, também as manifestações são celebrações. A diferença entre as duas reside apenas no sentido da crença; enquanto que as festas celebram a crença, as manifestações celebram a descrença. Em ambas, porém, as pessoas partilham da mesma fé, seja ela positiva ou negativa em relação ao objecto. Para ilustrar esta ideia podemos voltar a Durkheim, que demonstrou que em tempos de guerra as taxas de suicídio baixam, justificando esse facto com um mais que provável sentimento de pertença a um grupo. Neste caso, um grupo une-se contra outro; celebra-se a crença no grupo de pertença e, ao mesmo tempo, a descrença em relação ao outro grupo.

Há ainda que distinguir entre os vários graus de fé, porque apesar de a fé ser incomensurável, a fé não é homogénea e permite-nos distinguir quatro níveis de crença. Podemos distinguir a fé dos profetas – dos actores responsáveis pela “catequização” –, a fé militante – dos actores comprometidos com a sua fé –, a fé por simpatia – dos actores que, apesar de acreditarem no objecto de fé, entendem a fé de forma menos abnegada e mais descomprometida – e a fé dos ateus – dos actores que não acreditam em qualquer objecto de fé.

Podemos identificar estes quatro grupos tanto nas festas como nas manifestações. Nas festas: a comissão de festas; os “festeiros” – associações, confrarias e outros grupos criados por entusiastas de determinadas festas; daqui costumam surgir os grupos nomeados para a comissão de festas –; os curiosos que se deslocam à festa; os detractores da festa. Nas manifestações: organizações não governamentais ou sindicatos, entre outras; militantes das organizações ou activistas por vocação; pessoas descontentes ou simpatizantes do descontentamento; pessoas que discordam dos motivos da manifestação. Tanto as festas como as manifestações assentam nos mesmos processos simbólicos, crescendo em esquemas organizativos em todo semelhantes.

Posto isto, só me resta desejar a todos vós umas boas festas e, se for o caso, umas boas manifestas.

Publicado originalmente no ComUM.

A genialidade deste "ser" voltou a fazer "estragos". Devo dizer, antes de mais que, gostei muito daquilo que li, dos dois textos por ti publicados! Essa alusão a Durkheim serviu como uma luva para este texto tão bem elaborado. A simplicidade muitas vezes anda de mão dada com o complexo, e aqui, transformas-te o complexo em algo muito simples!!

De fácil percepção que possibilita um profundo mergulho nestes teus argumentos saidos dos demais genios do sec XX..

Antes mesmo de o ser, já o é!!

Abraços

Uma diferença na aceitação da reforma protestante ao catolicismo e posterior prática deve-se, também, ao pragmatismo que os povos do centro-norte da Europa têm. Indentificando-se com uma prática mais pragmática do que a católica.

Abrir um blog do nada e ler Durkheim! Um bálsamo!!!

Ex Srs e Sras:

Venho por este meio endereçar-me a vós pelo seguinte motivo, antes de mais a minha apresentaçao chamo-me jose miguel meireles sou de paços de ferreira e tenho 24 anos, estando a representar como dirigente de Direçao da Escola de Samba as baianas da raimonda paços de ferreira e grupo de bombos da raimonda, o meu motivo sera o factor de vos dar a conhecer a nossa Escola de samba e grupo de bombos nas vossas festas dos vossos Municipes... fica aki meu contacto e esperava uma resposta vossa 913280595 miguel_meireles_22@hotmail.com

Somos um grupo de bombos de Viana do Castelo - Darque e estamos interessados em participar em eventos relacionados com a vossa associação. Mais informamos que temos participado regularmente em festas do nosso concelho e arredores tais como: festas da Nossa Sra. d'Agonia, festas Sta. Marta de Portuzelo, festas das Rosas, festas do concelho de Ponte da Barca, etc.
Agradeciamos um futuro contacto para nos informar se estariam interessados nos nossos serviços.
Junto enviamos os referidos contactos.
Subscrevemo-nos com elevada consideração.

jorge emanuel costa sousa
telm.: 965368436
bombos.s.sebastiao@hotmail.com
Rua José de Magalhães nº240 4935-094 Darque

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