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do comércio tradicional cultural ou da falta dele ii

Tenho de admitir que fui infeliz na escolha do título para o post anterior; referia-me em exclusivo ao comércio cultural, isso sim. A minha ideia era aproveitar e dinamizar os espaços comerciais abandonados no centro da cidade. Lembro-me do Lafayette, da Galeria da Rua dos Chãos, do Centro Comercial Santa Bárbara, mas em especial do Centro Comercial Santa Cruz, que é de todos o que tem mais espaço livre e ocupa um espaço privilegiado: as costas do Theatro Circo.

A minha ideia não é nova e é inspirada tanto em Urueña como na portuense Rua Miguel Bombarda. Consistia no apoio à criação de pequenas lojas de comércio cultural alternativo - e falo em lojas de música, livrarias e até roupa - e ao arrendamento de espaços para ateliers e escritórios a jovens artistas.

Não seriam lojas para concorrer com fnaques ou bertrandes, mas antes para responder às necessidades de consumo de uma importante fatia dos consumidores; jovens que viajam frequentemente ao Porto e a Lisboa para saciar essas necessidades. Falo da oposição ao conservadorismo católico que já resultou em bandas como os Mão Morta ou os Um Zero Amarelo ou em associações culturais como a Velha-a-Branca. Falo de uma parte importante da juventude urbana bracarense, não só de meia dúzia; falo de pessoas que sacam mp3 mas também consomem música e tudo o que gira à volta dela; de pessoas a que não chega a Centésima Página e uma Feira do Livro uma vez por ano; de criadores - independentemente da arte -; de bracarenses que merecem ser tratados como tal.

Não faz sentido pensar em criar lojas de discos para rivalizar com um fnac, mas faz sentido pensar em lojas de discos especializadas e de raridades; não faz sentido pensar em criar mais livrarias especializadas em manuais escolares, mas fazem falta livrarias especializadas e que apostem em versões originais de livros não editados em Portugal - falo de mais Centésimas Páginas; não faz sentido criar lojas para rivalizar com lojas de decoração ou roupa normais, mas o retro e alternativo é um mercado por explorar na nossa cidade.

Penso que é importante apoiar também os criadores não-musicais bracarenses. E se há espaço, porque não torná-lo útil e rentável?

Cultura também é isto, na minha opinião.

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Muito bom texto. Parabéns!

Braga está mal e mais que nunca precisa dos bracarenses.

Olha João, explanaste o que eu quis dizer em poucas palavras no meu comentário ao post anterior. E mesmo as lojas que competem directamente com os shoppings têm que ter mais dinamismo. O problema é que sozinhas não vão a lado nenhum.

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