sexta-feira, 19 de outubro de 2007

do rio este

Há cerca de dois meses, Mesquita Machado anunciou com bastante orgulho que o rio Este voltava a ser límpido e cristalino. Ainda não tinha tido oportunidade de verificar, já o meu irmão me dizia que estava de facto muito limpo e transparente, mas que as pessoas continuavam a deitar lixo para lá. Bem sei que aquilo continua com mau aspecto e, apesar da água estar limpa, parece mais um pântano do que um rio; bem sei que isso atrai mosquitos e torna a beira-rio bastante desagradável; bem sei que o rio Este é pequeno demais e que ali ao lado temos um Cávado em condições. Também sei, ainda assim, que a vida na urbe bracarense podia ser um bocado menos má se o rio fosse bem cuidado - não é só limpar a água, mas também fazer desaparecer a vegetação pantanosa e requalificar as margens dos rios: abrigá-las da poluição e ruído da cidade e dotá-las de condições para cativar os bracarenses. Não vale a pena limpar o rio só por limpar, porque está visto que ninguém nota e, mais tarde ou mais cedo, o rio volta a estar sujo. Que tal abrir um concurso público para a requalificação das margens urbanas do Rio Este? Por que não envolver os cidadãos nos trabalhos de requalificação, dando oportunidade para que se pronunciem sobre o futuro espaço de lazer à sua porta? Por que não abrir um debate sobre o futuro do nosso rio?

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

da comunicação e da cultura que não sabe falar

Quando há cerca de um mês optei por subscrever a mailinglist da Câmara Municipal de Braga, pensava que a autarquia promovia poucos eventos e não devia ter grande coisa para dizer aos cidadãos; estava enganado: a média de mails recebidos por semana é tão alta que até admira que o Gmail não os ache spam!

Ora, saber que existem várias actividades culturais - grande parte delas gratuitas! - só pode ser motivo de satisfação para qualquer bracarense, mas constatar que muitas vezes os mails são enviados durante a madrugada do dia em que as actividades vão decorrer causa certa estranheza e até irritação, porque tem passado muita coisa boa - que até é paga com o nosso dinheiro - e custa saber perdida a oportunidade para a desfrutar. Também entendo que a publicidade aos eventos não deve ser exclusivamente electrónica e que mesmo a referência na imprensa minhota é insuficiente. Compreendo que não justifique publicidade a um evento menor, mas os eventos menores juntos dão um grande evento e estes têm provado ser uma boa aposta.

Já agora, outras ideias soltas:
- A Câmara Municipal envia um mail por cada actividade do Theatro Circo; não bastaria um mail semanal com a programação completa para os sete dias seguintes?;
- O mail semanal das Sugestões Culturais e Lazer foi a razão porque disse ao Gmail que podia considerar o Braga.com.pt um spammeiro; uma lista enorme de eventos com um link por baixo não pede para ser lido. Que tal desdobrá-lo em vários - organizados por temas - e descrever de forma breve cada um? Assim, cada pessoa abria apenas os mails com o tema/área artística que lhe interessava e não necessitava de abrir cada link para saber algo mais.

O problema da cultura em Braga é também um problema de discurso: uns queixam-se de que não há nada e outros de que não há ninguém.

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

do eléctrico

Concordo com o Mesquita Machado quando ele diz que o projecto do eléctrico "é uma ideia simpática e romântica"; diria que é até mais romântica e simpática que prática e/ou necessária.

É necessário reflectir para além disso e é por isso que concordo com a posição, bastante lúcida, do presidente da Câmara de Braga. O que a petição online - da qual sou signatário - provou foi a insatisfação dos bracarenses com a oferta de transportes públicos de Braga. De facto, Braga merece mais e melhor, mas a verdade é que Braga não tem espaço para ligar em eléctrico a Estação de Comboios e a Universidade do Minho ou Bom Jesus. Não me parece justo ceder a Rua do Souto ao eléctrico e perder - ainda que de forma pouco significativa - a mobilidade pedonal que ela oferece; não me parece justo cortar os espaços verdes da Avenida Central e Largo da Senhora-a-Braga; não encontro espaço para o eléctrico nas ruas D. Pedro V e Nova de Santa Cruz; abrir-se-ia um túnel para ligar estas duas ruas?

Se este não é o desenho, não imagino qual possa ser, porque se optam por subir o Campo da Vinha também abdicaremos desse grande espaço pedonal, que por muito feio que seja, é o mais parecido a uma praça que existe em Braga; falo de praças de grandes dimensões, como é óbvio. Lembrei-me de outra possibilidade que seria ligar a Estação de Comboios à Universidade através da Avenida Imaculada Conceição, Avenida João XXI e Avenida João Paulo II. Esta pecaria pela não passagem pelo centro da cidade e pelos problemas de trânsito que poderia provocar nestas Avenidas tão concorridas.

Ainda assim, como já referi, o cerne da questão reside na ineficiência manifesta dos transportes urbanos de Braga. Ora, se não for com o eléctrico, há-de ser com a criação de novas linhas de autocarros ou através da criação de uma verdadeira ciclovia. Acredito que uma boa solução seria a aposta num sistema intermodal de transportes.

Antes de terminar, gostava de deixar os meus parabéns ao Pedro e a todos os colegas bloggers bracarenses pelo sucesso do debate e por terem provado de que vale a pena participar. A democracia vai funcionando, mas funciona melhor quando os cidadãos lhe dão um empurrãozito.

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quinta-feira, 11 de outubro de 2007

A velha está mais velha?

Este fim-de-semana a Cooperativa Cultural Velha-a-Branca comemora três anos de vida. Lembro-me de ter visto lá - ainda antes da inauguração - uma peça de Samuel Beckett. Era mais uma série de instalações do que uma peça, mas deu para conhecer o estaleiro cultural. Desde esse dia a velha cresceu muito e - graças à vontade de todos os cooperadores - lá se foi plastificando; para o bem e para o mal.

Começou por ter um pequeno bar de apoio às exposições e eventos e agora tem um bar como outro qualquer, mas apoiado pelas exposições e eventos. A velha adaptou-se aos tempos de que se queria distanciar e mudou, ainda que maquilhada para não parecer mais nova. Profissionalizou-se, mas não diz a ninguém para poder continuar a competir com estatuto especial: o de amador.

Mas não se enganem: eu gosto da velha e reconheço-lhe muito mérito - pondero, aliás, fazer-me amigo da velha, mas a prioridade é ser sócio do Braga. A velha ofereceu-me - a mim e a muitos bracarenses - belos momentos culturais e sociais; despertou muitas culturas adormecidas e criou interessantes dinâmicas culturais.

Deixo daqui os meus parabéns à associação cooperativa e a todos os que a fizeram ao longos destes três anos. Deixo ainda o meu sincero desejo de que a velha continue a crescer, mas que não o faça só porque sim; as rugas não envergonham nada e têm muito mais charmes que tiques e manias.

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